Como já vimos nos textos anteriores sobre a adolescência, essa é uma fase de transição no desenvolvimento que envolve muitas mudanças, dentre elas: emocionais, físicas, cognitivas, e sociais. E elas podem variar dependendo do contexto e da cultura em que o adolescente está inserido. No texto de hoje falaremos sobre as mudanças cognitivas comuns da adolescência.
O que a ciência nos diz sobre o cérebro do adolescente?? Bom, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, nosso cérebro não está completamente maduro na época da puberdade! Mudanças importantes ocorrem no cérebro do adolescente, nas estruturas envolvidas nas emoções, no julgamento, na organização do comportamento e no autocontrole. Isso explica por que nessa fase somos mais vulneráveis a adotar comportamentos de risco – como uso de álcool/outras drogas, exposição a situações perigosas, impulsividade, reatividade e explosões emocionais.
A rede cerebral ligada às questões sócio – emocionais torna-se mais ativa na puberdade, o que explica a necessidade que temos de contato e interação social nessa fase da vida e a tendência em andar em grupos. Já a rede de controle cognitivo (que regula, por exemplo, a impulsividade) amadurece de forma gradual até o início da idade adulta.
Faça um exercício de lembrar de você mesmo quando era adolescente: quantas vezes você achou seus pais exagerados quando te davam orientações sobre os perigos do mundo a cada vez que você saía de casa?! E hoje quando você olha pra trás, todas essas orientações te parecem inteligentes e adequadas, não é mesmo?!
Existe uma explicação para isso: o desenvolvimento imaturo do cérebro adolescente pode leva-lo a tomar decisões tendo por base a emoção ao invés da razão, levando-o a ignorar as advertências que para os adultos parecem lógicas e sensatas. Por isso, o diálogo e a orientação se tornam tão importantes nessa idade: ajude-os a raciocinar ao invés de apenas obedecer.
Estimular cognitivamente adolescentes é fundamental para o cérebro deles, que ainda está em desenvolvimento: as atividades e experiências vivenciadas nessa fase serão determinantes para quais conexões neurais serão mantidas e fortalecidas e quais serão desativadas na transição para a idade adulta.
Os “exercícios cerebrais” mais importantes nessa fase envolvem aprender a ordenar seus pensamentos, entender conceitos abstratos e controlar os impulsos – essas ações vão fornecer as bases neurais que eles utilizarão para o resto da vida! Além disso, adolescentes com pais democráticos que os estimulam a questionar e expandir seu raciocínio moral tendem a raciocinar em níveis mais altos.
Leia mais sobre essa fase chamada Adolescência:
FONTE:
PAPALIA, D. E.; FELDMAN R. D. Desenvolvimento humano [recurso eletrônico]. Porto Alegre: AMGH, 2013.
JENSEN, F. E.; NUTT, A. E. O cérebro adolescente: um guia de sobrevivência para criar adolescentes e jovens adultos. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016.