Uma fase chamada Adolescência: mudanças emocionais

Essa é uma questão quase unânime em pais de adolescentes que já atendi: “Helena me ajuda! Eu não estou sabendo como lidar com meu filho (a)”!

Se você é pai/mãe/cuidador de um adolescente, certamente você já disse alguma das frases abaixo para ele/ela (e pode ser que ambas as frases tenham sido ditas no mesmo dia, inclusive!):

– “Joãozinho pare de se comportar assim! Você não é mais criança”

– “Joãozinho, quem você pensa que é para se comportar assim? Você ainda não é adulto!”

Confuso, não é mesmo?! Se é pra gente, imagina pra eles!

Todos nós, que hoje somos “crescidos”, já passamos por uma fase complexa de muitas mudanças, dúvidas e incertezas chamada adolescência. Porém, parece que depois que cresce, a gente esquece de tudo que viveu há algumas primaveras atrás. Desde como gostávamos de ser tratados, e o que não gostávamos que fizessem com a gente, até de nossas próprias crises existenciais – e como foi difícil passar por elas.

Não existe uma única forma de “ser adolescente”, mas existem algumas características comuns a essa fase que nos ajudam a compreender e lidar melhor com esses “nem tão crianças, e nem tão adultos” rs. A adolescência é uma fase de transição no desenvolvimento que envolve muitas mudanças, dentre elas: físicas, cognitivas, emocionais e sociais. E elas podem variar dependendo do contexto e da cultura em que o adolescente está inserido.

No texto de hoje vamos falar um pouquinho sobre as mudanças emocionais: quem nunca chorou copiosamente ao se frustrar na adolescência com algo que, aos olhos dos adultos, era pequeno e sem importância, que atire a primeira pedra!

Uma característica muito comum nessa fase da vida são as constantes oscilações de humor, que muitas vezes levam os adolescentes a ser caracterizados como “dramáticos” ou “exagerados” em suas expressões. Porém, pesquisas já sugerem que muitas dessas características podem resultar das mudanças hormonais intensas que ocorrem nesse período somadas à maturação do cérebro, ao temperamento e aos fatores ambientais.

Ou seja: é bastante cruel rotular os adolescentes de “dramáticos” se considerarmos esse contexto complexo! Na verdade, eles estão começando a explorar um mundo nada acolhedor – cheio de competitividade, cobranças e medos, tendo pouquíssimas habilidades pra isso.

Uma dica para ajudar seu adolescente a lidar com esses conflitos emocionais é evitar julgar os sentimentos dele com falas invalidantes como “é uma besteira você chorar por isso”, ou “você não deveria sentir raiva só por isso”. Lembre-se que as emoções tem como função nos lembrar de nossas necessidades, nossas frustrações e também de nossos direitos: são elas que nos conduzem a fazer mudanças, fugir de situações perigosas, ou até mesmo, saber quando estamos insatisfeitos com algo. Nós não temos controle sobre o que sentimos, apenas com o que fazemos com aquilo que sentimos – mas isso exige TREINO – e nossos adolescentes estão apenas começando!

Ao contrário do julgamento, acolha as queixas e insatisfações do seu adolescente de forma gentil, estimule o diálogo democrático e ajude-o a compreender melhor o que sente, bem como, as razões pelas quais está recebendo limites ou orientações; encoraje-o a passar pela crise usando exemplos de dificuldades que ele já superou no passado e mostre-se disponível para apoiá-lo caso precise.

Lembre-se que o adolescente NÃO É um adulto em miniatura! Ele pode até ter “tamanho, mas sua capacidade de regular as emoções ainda está se sendo aprimorada. Seja o adulto da casa e ajude-o a compreender o que sente, e a identificar que pode ser capaz de superar a situação problema se mantiver a calma, e se der pequenos passos em direção a isso!

Leia mais sobre essa fase chamada Adolescência:

Fonte:

PAPALIA, D. E.; FELDMAN R. D. Desenvolvimento humano [recurso eletrônico]. Porto Alegre: AMGH, 2013.

LEAHY, R. L. Regulação emocional em psicoterapia: um guia para o terapeuta cognitivo comportamental. Porto alegre: Artmed, 2013.

JENSEN, F. E.; NUTT, A. E. O cérebro adolescente: um guia de sobrevivência para criar adolescentes e jovens adultos. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016.

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