Como já vimos nos textos anteriores sobre a adolescência, essa é uma fase de transição no desenvolvimento que envolve muitas mudanças, dentre elas: emocionais, físicas, cognitivas, e sociais. E elas podem variar dependendo do contexto e da cultura em que o adolescente está inserido. No texto de hoje falaremos sobre as mudanças sociais comuns da adolescência.
“Meu filho não quer ficar em família, agora só quer saber de sair com os amigos, está distante e rebelde” – uma queixa comum nos pais de adolescentes.
Mas será que é mesmo “rebeldia”?
Uma das mudanças mais comuns na rotina dos adolescentes é a diminuição do tempo que eles investem na convivência familiar, sendo essa uma das principais alterações de relacionamento que eles vivenciam. Para muitos pais isso representa um sinal de alerta e perigo, pelo medo que seus filhos “se percam” dos valores ensinados.
Porém, esse afastamento não significa que o adolescente esteja rejeitando suas origens ou sua família, mas é um comportamento necessário para essa fase do desenvolvimento em que ele está aprimorando sua identidade pessoal e autonomia, que certamente em alguns momentos pode conflitar com o que os pais projetaram em expectativa para eles. A melhor forma de manter a harmonia é através do diálogo franco e aberto!
Há momentos também em que o adolescente prefere ficar sozinho no quarto ou passa mais tempo no quarto do que nos ambientes de convivência da casa. Isso pode ocorrer pela tentativa de se desprender das exigências presentes nas relações sociais, de organizar e estabilizar suas emoções ou apenas para refletir sobre as crises existenciais comuns da idade.
E há outros momentos que ele só quer conversar com amigos da mesma idade: confidenciar os sentimentos a um amigo ajuda o adolescente a explorar seus próprios sentimentos com alguém que está passando por “problemas” parecidos, além de ajudar a definir melhor sua identidade e a validar sua autoestima.
É importante respeitar a individualidade desses adolescentes, mas não é interessante o afastamento total dos pais. Fique de olho na dose! Isolamento social na adolescência também pode indicar sinais de depressão. Uma dica que pode ajudar é a família não tentar competir com o convívio social do adolescente mas, ao invés disso, criar seus próprios momentos de interação com ele.
Uma boa opção é ter o hábito de realizar algumas atividades na semana juntos – seja fazer uma refeição do dia-a-dia na mesa de jantar ou sair para lanchar juntos, ir ao cinema, etc. O momento em família pode ser tão especial quanto o momento com os amigos e as duas coisas precisam existir igualmente na rotina do adolescente.
Converse com seu filho com interesse e curiosidade para que você possa dar orientações sempre que julgar necessário, mas respeite também os momentos que ele precisar ficar sozinho ou quiser sair apenas com os amigos da mesma idade. Supervisione, mas permita que seu filho tenha um pouco de autonomia para que consiga aprender a se virar sozinho – isso será muito importante na próxima fase que ele entrar: a vida de adulto.
Leia mais sobre essa fase chamada Adolescência:
Fonte:
PAPALIA, D. E.; FELDMAN R. D. Desenvolvimento humano [recurso eletrônico]. Porto Alegre: AMGH, 2013.
JENSEN, F. E.; NUTT, A. E. O cérebro adolescente: um guia de sobrevivência para criar adolescentes e jovens adultos. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016.